quarta-feira, 30 de junho de 2010
Ouvir aquele som de novo foi fantástico. A magia do Alaúde e o som do Derback tocando com seu ritmo do oriente me fez voltar ao passado, que não é tão distante assim.
Algo que poucos de vocês sabem é que por muitos anos da minha vida eu dei aula de dança oriental árabe, a famosa dança do ventre. Como a minha vida sempre foi cheia de grandes mudanças, um dia fechei minha escola, peguei minha pasta executiva e fui para o mundo.
Troquei os véus pelo terno, troquei os sons pelas reuniões e algo na minha maquiagem já não era tão exótico. Simples para um dia de trabalho no escritório.
Achar o equilibrio em minha vida sempre foi meu objetivo. Mas quando entrei na dança do ventre me joguei de cabeça e abandonei a faculdade de direito, vivia e morreria pela arte.
Quando resolvi que precisava tomar conta da imobiliária do meu pai e realmente ganhar dinheiro, abandonei de vez a dança. Como se abandona uma personagem criada em uma peça de teatro. As cortinas abaixaram e a vida continua...
Anos se passaram e a vida seguiu seu rumo. Mas tem algo na vida de uma mulher que não se apaga e quando a dança entra na alma nunca mais sairá.
Bom resolvi depois de muitos e muitos anos, tirar o salto, soltar o cabelo amarrar meu lenço no quadril e arriscar alguns passos. Tímidos e travados, que nada lembra meus antigos quadris soltos e véus que rodavam pelo ar.
Hoje começo me emocionando novamente com as músicas. Começo sentindo na alma que este reencontro com a dança vale a pena.
Senti como a muito tempo não sentia uma vontade de abandonar tudo e voltar somente para a dança...
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