Estar no Tuareg fazendo aulas com a Nuriel ( A Mi...) está sendo maravilhoso. O despertar da dança em minha alma, as lembranças dos eventos e pessoas conhecidas, tudo é reconfortante e maravilhoso.
A única coisa que ainda não sei é se voltarei a dançar publicamente algum dia. Claro que isso seria óbvio para alguém que era profissional, mas hoje, depois de tanto tempo... Consegui relembrar a última dança e quando guardei meu véu pela última vez...
Sinto que naquele gesto era como se eu tivesse sepultando algo em minha vida, enterrando uma passagem para que não me assombrasse mais. Embora achei que isso fosse algo que só na minha mente existisse, fatos me mostram que não. Mas isso é outra história.
Voltar a dançar, desenferrujar, tirar a poeira da minha alma é como seu eu tivesse reaprendendo a andar, a conhecer meu corpo e resgatando aos poucos meu espírito.
O tempo passa, as pessoas envelhecem, crianças crescem... Mas algo fica gravado na memória do tempo que é como se fosse uma caixa lacrada que jamais deverá ser aberta novamente, apenas guardada.
Abrir a caixa seria arriscar minha existência como Pandora arriscou, despertou os males do mundo e só restou no fundo da caixa a estrela da esperança.
Que os alaúdes toquem, que o véu deslize e que eu dance até esgotar minhas forças, afinal o que restará na minha vida ao final dela, quando as cortinas abaixarem? Apenas os olhos e as lembranças de quem já me viu ou me verá dançar...
Fernanda Matiolli
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